Boné servia para esconder falta de banho
Helcio Toth/ Folha Imagem
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Pedro Costa, 9, soterrado por seus bonés
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FABRIZIO RIGOUT
da Redação
O modelo de boné mais usado hoje foi inventado pelos
jogadores de beisebol para
que o sol não atrapalhasse os
arremessos. O boné comum
tem uma história mais antiga.
No século 13, as pessoas não
tomavam muito banho na
Europa. Lavar a cabeça, então, menos ainda.
Para manter a poeira longe
do cabelo e para não sujar o
travesseiro com a gordura do
couro cabeludo na hora de
dormir, inventaram um protetor de pano chamado
"bonnet" -palavra francesa
que se pronuncia "bonê".
Mais tarde, o bonnet passou a ser usado como revestimento debaixo do chapéu,
como se fosse uma cuequinha
da cabeça. Passados 500 anos,
o protetor virou touca.
Boné vira bola de futebol
Da Redação
Para não estragar sua coleção de 22 bonés, Pedro Costa,
9, só usa um, o preferido, de
couro. A mãe ameaça jogar o
chapéu fora porque, a exemplo das senhoritas do século
13, Pedro fica com a cabeça
suada e fedendo.
"É... o couro estava um
pouco mofado", conta Pedro, "mas a semana passada
eu lavei. Ficou limpo."
Na classe, ele é conhecido
como "o do boné". Começou a usar para imitar o irmão mais velho. Passou pela
moda do boné usado para o
lado e do boné usado para
trás. Hoje ele usa a técnica
"primeiro para trás, depois
para a frente", um modo de
vestir o chapéu ao contrário e
girá-lo na cabeça para evitar
que fios de cabelo caiam sobre a testa.
Boné com a aba reta é totalmente fora de moda. "Ou você usa a aba amassada, como
bico de pato, ou a dobra para
cima", Pedro receita.
O boné favorito de Pedro
("Georgetown Hoyas") foi
raptado algumas vezes pelos
colegas de escola, que o tomaram como bola para animar as peladas do recreio.
Ele também tem um boné
conversível, sem avesso, com
desenhos em ambos os lados.
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Pedro Costa, 9, com sua coleção de 22 bonés
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Esporte inventa moda
da Redação
Até o começo deste século,
não se tinha o hábito de sair
de casa para fazer exercícios.
Só nobres caçavam por esporte.
Quando as pessoas começaram a praticar exercícios e jogos ao ar livre, o boné se popularizou.
Para se proteger do sol era
preciso um chapéu. Esse chapéu não poderia ter aba larga
e deveria se ajustar à cabeça.
Nas corridas de cavalos, no
iatismo, no automobilismo e
no beisebol, o boné foi a solução encontrada.
No século 19, veio a moda das toucas
No século passado, foi moda as mulheres andarem na
rua com a cabeça enrolada
num pano de linho enfeitado
de plumas. Os homens usavam touca para o cheiro dos
charutos não impregnar o cabelo. Boné era o nome dado a
todo chapéu sem aba que se
prendesse à cabeça.
Militares simplificaram
O boné era prático na guerra. Fazia sombra nos olhos,
ajudando na hora de mirar.
Facilitava a identificação do
militar, pois as corporações
(Exército, Marinha etc.) passaram a usar bonés parecidos
(quepes), diferenciados apenas pelo distintivo (isto é,
uma coisa que distingue).
Dos militares às tribos urbanas
O boné não é mais usado só
nos esportes ou entre os militares. Ele é moda e já faz bastante tempo.
Isso significa que o boné é
uma peça de roupa que -dizem- deixa a gente mais elegante.
É importante lembrar que o
boné ainda serve como distintivo. Só que não mais entre
os militares, e sim entre as
"tribos" da cidade.
Os cantores de RAP foram
os principais responsáveis
por essa mudança no uso do
boné durante a década de 80.
"Cada tribo tem seu estilo
de boné, para marcar diferença em relação aos outros
grupos", conta a professora
de história da moda Mitsuku
Shitara, da faculdade Santa
Marcelina.
Meninas variam nais
Helcio Toth/ Folha Imagem
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Lívia Nestrovski, 9, tem 16 bonés
|
da Redação
Lívia Nestrovski, 9, tem 16 bonés. Seu preferido é o boné do Piu-Piu. Qual menino
usaria o boné do Piu-Piu?
Talvez por ter melhor idéia das roupas que
combinam entre si, as meninas variam seu
uso de bonés. Calça vermelha, boné azul;
calça jeans, boné preto e assim por diante.
Lívia explica que os bonés de basquete são
usados tanto pelas meninas quanto pelos
meninos, mas "as meninas variam mais".
Meninas que usam boné sofrem ainda
mais com as brincadeiras -sem graça!- de
roubar chapéu. Os meninos tiram os bonés
novinhos de Lívia, e ela tem de correr atrás
para pegá-los de volta. "Eles ficam jogando
meu boné para cima até eu reclamar com a
professora", diz.
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