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Todo tenista sonha em chegar lá

Marisa Cauduro/Folha Imagem
André Buitoni, 9, e a irmã Nicole, 10, começam a disputar campeonatos


MIRNA FEITOZA
da Redação

Depois que Gustavo Kuerten ganhou em Roland Garros, muitas crianças procuraram escolas de tênis no Brasil. Essa procura foi considerada pelos profissionais do tênis como acima do normal.
As academias de tênis não param de atender pessoas interessadas no esporte.
"Aumentou de forma estrondosa, principalmente entre as crianças", diz Giuliana de Fiori, da Wilton Tênis.


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Milena de Araújo, 10, chegou à final de 12 torneios


Na Meyer Tennis, o curso de férias, que começa na segunda, bateu o recorde. "Um mês antes estava praticamente lotado", afirma Marcelo Meyer, dono da academia.
Batizado de "Efeito Guga", o aumento da procura pelo tênis aconteceu em época de provas e perto das férias, quando é raro as escolas receberem alunos novos.

Depois da vitória de Guga
Renato Macarini, 10, começou a jogar tênis depois da vitória de Guga. "Vi a semifinal e a final e me interessei pelo tênis", conta.
O "Efeito Guga" também aumentou a freqüência de quem estava matriculado, mas tinha enjoando do esporte. "Tive mais ânimo para jogar do que para ver pela TV", diz Thiago Macini, 7.

Elas querem ser iguais ao ídolo
Guga fez aumentar a vontade de fazer carreira como profissional do tênis. "Se eu treinar bem, posso ser que nem o Guga", diz Bruna Zanatta, 8, que pratica o esporte desde o começo do ano.
Mariana Beezzarro, 8, que disputou seu primeiro campeonato nesta semana, também quer continuar. "Um dia eu posso ser igual a Guga. Fiquei emocionada", disse.

Equipamento especial
As escolas de tênis para crianças trabalham com bola de espuma mais leve, raquete menor, rede mais baixa, e os alunos ocupam só uma parte da quadra. O treinamento também é diferente. "Fazemos mais brincadeiras e recreação", diz o professor Marcel Vieira. Uma brincadeira é acertar a bola em um urso de mentira. Outra é bater a bola na raquete sem deixar cair.

Oficina para iniciantes
Quem está louco para experimentar as primeiras raquetadas pode aproveitar a oficina gratuita que o TeniSesc vai realizar de 22 a 26 deste mês, no parque Ibirapuera.
A oficina vai oferecer o equipamento e é para crianças a partir de sete anos. Começa às 10h, nas quadras próximas ao prédio da Bienal.


Eles são o futuro do tênis brasileiro

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Os irmãos Daniel e Rafael Moreira Campion em academia de tênis em Cotia


da Redação

Enquanto muitos começam a se interessar por tênis agora, alguns já conseguiram se destacar nesse esporte.
Moacir Santos e Myrella Bianca de Paula, Carlos Eduardo S. Rodrigues e Larissa Eva Zica de Carvalho são os primeiros do ranking infanto-juvenil do tênis brasileiro, na categoria 10 e 12 anos, respectivamente.
Eles viajam pelo Brasil todos os meses, disputando campeonatos ligados à Confederação Brasileira de Tênis.
Além disso, treinam diariamente e precisam desde cedo conciliar estudos e tênis.
Carlos Eduardo, o Cacá, tem nutricionista e psicólogo acompanhando sua rotina de trabalho. Na cabeça de cada um, há o sonho de chegar aonde Guga chegou.

Falta de patrocínio é problema
Além de dividirem o mesmo sonho, os tops do tênis infantil dividem o mesmo problema: falta de patrocínio para todas as despesas.
Myrella e Moacir até têm patrocinador. Mas eles não pagam tudo, principalmente se for passagem de avião. No caso de Cacá e Larissa, tudo sai do bolso dos pais.
Um exemplo do que passam os pequenos tenistas aconteceu com Myrella.
Ela, que mora em Campo Grande (MS), enfrentou 16 horas de ônibus para disputar o campeonato de Botucatu (SP), no início do mês. Voltou como vice-campeã.
A única vantagem de ser top é que, quando as crianças viajam, a alimentação e hospedagem são pagas pela Confederação Brasileira de Tênis.
Mas, se levar treinador ou parente, fica tudo por conta dos pais.

Projeto mundial para novos tenistas
Para despertar as crianças para esse esporte, a Confederação Brasileira de Tênis e Federação Internacional de Tênis criaram um programa especial para escolas particulares e públicas.
O programa dá um curso de tênis aos professores de educação física e oferece 40 bolas e 40 raquetes às escolas, que não precisam ter quadra de tênis. Basta ter um espaço onde se possa amarrar a rede.
Segundo a ex-tenista Patrícia Medrado, coordenadora do programa, a iniciativa já existe em mais de 70 países. No Brasil, já atingiu mais de 3.000 crianças (tel. 011/5666-2246).


Dez anos é cedo para competir?

"Aos 10 anos a criança tem de se divertir e jogar com alegria, sem pensar em pressão." Gustavo Kuerten.

"Para ser de nível internacional, é preciso começar o mais cedo possível." Silvana Campos, ex-tenista e dona de academia.

"Competir nessa idade é a pior coisa que um pai pode fazer com um filho." Marcelo Meyer, ex-tenista e técnico.

"Nessa idade, a criança ainda não tem maturidade para competições." Cássio Motta, ex-tenista.

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