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Na
Bienal você participa da obra
Reprodução/Folha Imagem
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"Os Muitos Olhos de São Jorge", caixa com olhos de vidro e colagem, do artista jamaicano David Wayne Boxer
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FABRIZIO RIGOUT
da Redação
Pensou em exposição de arte, pensou em quadros na parede, certo?
A Bienal é diferente. Lá a gente também passeia por salas chamadas ``instalações''. É como entrar nos mundos que os artistas imaginaram.
Mas não se trata de um parque de diversões. Instalação é arte. Arte faz pensar, arte faz rir, arte dá medo, arte dá de comer ao pensamento.
Portanto, prepare-se para as surpresas: porco assistindo TV, camas de vidro, mil pares de tênis, peixes mortos, buraco sem fundo...
Performances
Tem artistas que não se contentam em entregar a obra
pronta para a gente ver. Eles
fazem questão de participar.
Esse tipo de instalação é conhecida como performance.
Fique de olho: se vir alguém
mexendo numa obra e o
guarda não o prender, pode
estar certo de que ali acontece
uma performance.
A obra da artista Maria Teresa Hincapié, no piso térreo,
é nada mais do que uma pilha
de objetos de uso pessoal.
Durante a performance, ela
muda roupas, caixas e comidas de lugar. Parece uma formiguinha, levando consigo
pedaços de sua casa.
Participando da obra, a artista nos faz pensar na relação
que temos com as coisas que
possuímos.
A arte que derrete o mundo
Reprodução/Folha Imagem
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Javalis iguais aos da foto estão espalhados pela cidade de São Paulo. O criador é o artista alemão Carl Emanuel Wolff
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da Redação
``O Mundo Virado do
Avesso'' é o nome da escultura gigante e pesadíssima de
Anish Kapoor. É uma esfera
de aço deformada, que deve
ser vista em conjunto com as
outras duas obras da sala.
Uma delas é um buraco sem
fundo enfiado na parede.
Lembra os buracos negros,
que carregam tudo para dentro de si e cujo fim está em
outro universo.
Também no primeiro andar estão as esculturas do
norte-americano Tom Friedman. Veja lá como ele usou
bolinhas de isopor para construir um homenzinho.
Já o baiano Mestre Didi preparou esculturas dedicadas
aos orixás do candomblé.
Os orixás são deuses de uma
religião trazida da África.
Didi não quer inovar, e sim
manter uma tradição.
(FR)
Sentidos alertas
Reprodução/Folha Imagem
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O estudante Hugo Martins visita a exposição do pintor Pablo Picasso na Bienal
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Os organizadores da Bienal
querem que a gente sinta a arte, não só a veja. Colocaram,
por todo canto, obras que pedem para ser ouvidas, pegas e
cheiradas. Como essa bexiga
aí em cima. É fraquinha, mas
se contorce, escapando da
morsa de ferro que a aperta.
Só de ver, a gente sente o objeto, toca sem pegar.
Já na instalação ``Memória
de Ferro'' de Éder Santos, os
visitantes não vêem onde pisam. Mas sentem que o chão é
inclinado e está coberto de
pedrinhas. Dá vertigem, como nas minas de ferro.
Artistas eletrônicos
As televisões e vídeos estão
em toda parte da Bienal. Desde as pinturas eletrônicas do
alemão Wim Wenders até a
exposição virtual do italiano
Umberto Cavenago. Na sala
dele, você escolhe o que quer
ver, selecionando as obras na
tela por meio de um mouse.
O húngaro Péter Forgacs
pôs um porco empalhado na
frente da televisão. Ele assiste
a um filme que mostra a matança de um outro porco.
Só que o filme passa de trás
para a frente, e o que era carne vira bicho no final.
Já na instalação de Ugo
Rondinone, você é surpreendido por quatro palhaços gigantes nas paredes, que não
se cansam de olhar para sua
cara.
Mudanças dão arrepio
Alguns artistas pegam objetos comuns, que não chamam atenção por si sós, e os
coloca em situações em que
nunca estiveram.
Imagine um peixe que, em
vez de morar num aquário,
nada num copo d'água. Imagine uma cama onde o colchão é uma lâmina de vidro.
Tudo isso dá aflição, mas
faz pensar também. Tem vezes que cama machuca, e peixe, sozinho, morre.
Visite essas obras e faça sua
interpretação!
(FR)
23ª Bienal Internacional de São Paulo
- De terça a domingo, até 8 de dezembro,
no parque Ibirapuera. Ingressos de R$
5,00 a R$ 20,00. Para mais informações,
ligue grátis 0800-111951.
Fale com a Folhinha: folha@uol.com.br |