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Livro infantil é para todo mundo

Evelson de Freitas/Folha Imagem
O escritor Ricardo Azevedo no escritório de trabalho de sua casa, em São Paulo


FABRIZIO RIGOUT
da Redação

Um pastor alemão guarda a casa onde mora Ricardo Azevedo. É um lugar calmo, cercado de trepadeiras.
Quem consegue escapar, vê de longe o esconderijo de seu dono, no fundo do quintal.
Lá está o escritório do escritor: mesa de desenho, pincéis, canetas, um piano e um computador velho.
Ricardo convida as visitas a sentarem num grande colchonete estirado no chão.
Sábado passado, ele deu esta entrevista a três estudantes de 3¦ série em São Paulo.

Rodrigo - De onde você tira idéias para suas histórias?
Ricardo Azevedo
- No começo a idéia é muito vaga. Quando eu ando na rua, anoto sempre as coisas e guardo.
Também uso notícias de jornal. Tudo que eu acho legal eu coloco em um álbum. Este nome, por exemplo: ``Frazão''. Pode ser que um dia eu use numa história.
Rodrigo - Você escreve para adulto também?
Ricardo Azevedo
- Não. Eu acho crianças e adultos muito parecidos. Tem livro para criança que adulto entende e gosta. Por que não o inverso?
Marcelo - ``Histórias de Adivinhar'', que você vai lançar na Bienal, é um livro infantil?
Ricardo Azevedo
- Divisão de idades vale para aula de ginástica, não literatura. O ``Homem no Sótão'', por exemplo, foi adotado até no 2º grau em uma escola.
Miguel - Por que seus desenhos não são perfeitos?
Ricardo Azevedo
- Coisas reais, uma máquina fotográfica faz. Isso tira um pouco a emoção. Eu gosto de me expressar através do desenho.
Miguel - Qual livro você mais gostou de fazer?
Ricardo Azevedo
- O texto que acabei de escrever é meu xodó. Mas o livro que mudou minha vida foi o primeiro. Eu era publicitário e virei escritor.



``Tia é o melhor amigo da criança'', diz Ziraldo

Ziraldo está lançando novas coleções na Bienal (veja pág. 2). Ele respondeu a estas per guntas de Ligia Xavier, 9.

Ligia - De onde você tirou o Menino Maluquinho?
Ziraldo
- Da minha cabeça e, naturalmente, ele saiu pela ponta do dedo.
Ligia - De onde você teve essa idéia de ser escritor?
Ziraldo
- Essa idéia eu não tive. Isso aconteceu. Eu era menino e na escola já brincava de escrever livros e desenhar histórias em quadrinhos.
Ligia - Você gostou do filme do Menino Maluquinho?
Ziraldo
- Gostei. Ficou parecido com o que eu queria contar. Em cinema é muita gente contando a história e, às vezes, ela sai diferente. No caso do Menino Maluquinho, saiu igualzinho eu queria.
Ligia - Você acha que o Menino Maluquinho do livro se parece com o do filme? Eles se parecem com você quando criança?
Ziraldo
- O Menino Maluquinho do filme é muito parecido com o do livro. Só tem a cara menos redondinha. Eles se parecem mais ou menos comigo. Eu acho que era um menino feliz e que virei um cara mais ou menos legal.
Ligia - Qual é o próximo livro que você vai escrever?
Ziraldo
- Uma porção de livros sobre as tias, pois eu descobri que, se o cão é o melhor amigo do homem, a tia é o melhor amigo da criança. Os livros vão ser uma homenagem a elas. Vem aí também uma série de livros sobre o Bebê Maluquinho.
Ligia - Qual o conselho para escrever bem como você?
Ziraldo
- Ler muito. Ler é mais importante que estudar.
Ligia - Qual você prefere: o bebê, a criança ou o adulto?
Ziraldo
- Dizem que no meio está a virtude -por isso eu prefiro a criança.
Ligia - De onde você tirou essa idéia sobre as tias?
Ziraldo
- É que eu fui criado por oito tias. Quer dizer, fui um menino sortudo. (FR)

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