Todo mundo é filho da água
EDILAMAR GALVÃO
free-lance para a Folhinha
A vida é feita de água. "O
Universo começa basicamente com hidrogênio, uma das
moléculas que compõem a
água. O oxigênio aparece
mais tarde, com a evolução
das estrelas", explica o astrofísico Jorge Vieira.
A água está presente na formação das estrelas há milhões de anos, numa forma
diferente da que nós conhecemos hoje.
"Nesse estágio, a água ainda é um conjunto de nuvens
de moléculas de água. Quando essas nuvens se tornam líquidas, funcionam como solvente universal, ou seja, a
substância que tem a maior
capacidade de dissolver outras substâncias (carbono,
nitrogênio etc.), diz Jorge.
Essas substâncias dissolvidas formavam o que os cientistas chamam de caldo primitivo. Foi desse caldo que se
desenvolveram as primeiras
formas de vida.
"A evolução da vida depende da água. Um exemplo é
a reprodução: quando os répteis começaram a explorar a
terra firme, eles 'trouxeram'
a água no ovo (como a clara),
conta a bióloga Careimi Assmann.
Onde está a água
free-lance para a Folhinha
A água é a substância mais
abundante na natureza. 70
por cento (mais da metade)
da Terra é água.
Mas não pense que, por isso, existe água de sobra. Há,
mas a gente não pode usar a
maior parte. Quase toda a
água é salgada e está nos mares e oceanos -97,2% (por
cento); 2,15 % da água estão
congeladas nas calotas polares (pólos Sul e Norte).
Ou seja, sobra 0,63 % de
água doce. Desse total, quase
a metade está em lençóis d'água profundos, 800 metros
dentro da terra. É uma água
difícil e cara de buscar.
O resto está distribuído em
lençóis subterrâneos mais rasos (48%), na umidade do solo (0,8%), do ar (0,7%) e nos
rios e lagos (1,5%).
Os problemas do Tietê
free-lance para a Folhinha
"A grande importância de
limpar o Tietê é permitir a vida em São Paulo", explica José Carlos Leite, 44, superintendente do Projeto Tietê.
O Projeto Tietê foi criado
em 1992 para limpar o rio,
mas ele andou muito devagar
por um bom tempo e só foi
retomado em 95. Esse projeto
custa bem caro: 900 milhões
de dólares.
O objetivo da primeira etapa do projeto é parar a degradação do rio e iniciar a recuperação. "Se o rio continuasse a piorar seria impossível
viver em São Paulo", diz o
superintendente do projeto, "porque isso atinge a
saúde das pessoas e nós
poderíamos ter, por
exemplo, a proliferação de
doenças".
Segundo ele, uma cidade
do tamanho de São Paulo
produz muito esgoto. Outro problema é que esse esgoto é derramado no rio
Tietê ainda muito próximo do lugar onde ele nasce, em Salesópolis (SP).
Ou seja, o rio é muito pequeno para tanto esgoto.
Se você colocar meio copo de suco concentrado
num copo d'água e colocar a mesma quantidade
em uma jarra de um litro,
o suco da jarra vai ficar
mais fraco.
É por isso que você pode
ver no mapa que a água do
rio vai ficando mais limpa
longe de São Paulo. E também por causa de um fenômeno que se chama autodepuração.
Isso significa que a própria natureza também tem
seus recursos, por exemplo, existem microorganismos (organismos muito pequenos) que "comem" substâncias.
Cachoeiras e a correnteza também depuram a
água, colocando-a em
contato com o oxigênio do
ar.
Rio brasileiro sofre
free-lance para a Folhinha
"Todos os rios no Brasil estão poluídos em menor ou
maior grau", disse o ministro
do meio ambiente, Gustavo
Krause, no lançamento da
campanha "Só jogue na água
o que o peixe pode comer",
no último dia 3.
Mesmo assim, o Brasil é um
país sortudo, pois tem muita
água. A bacia Amazônica é a
maior bacia hidrográfica (de
rios) do mundo. A maior parte de nossa água de superfície
fica na Amazônia (81%).
A região do país que mais
sente a falta de água é o Nordeste, que tem apenas dois
rios grandes e perenes (que
não secam no período em que
não há chuvas): o São Francisco e o Parnaíba.
No Centro-Oeste, os rios
Meia Ponte e Corumbá estão
poluídos por causa do esgoto,
principalmente das cidades
de Goiânia e Anápolis.
A região Sudeste tem um
dos rios mais poluídos do
mundo. É o Tietê, que recebe
o esgoto de São Paulo.
Na região Sul, o rio Tibaji é
poluído pelo esgoto de Ponta
Grossa, Londrina e cidades
vizinhas, além do esgoto das
indústrias e dos inseticidas
usados na agricultura.
Pelos mesmos motivos estão poluídos os rios Guaíba,
Sinos, Gravataí e o Peixe.
Vai demorar para nadar no Tietê
Mas, "para nadar, pescar
no rio Tietê, na região da cidade, ainda se vão muitos e
muitos anos", diz o engenheiro José Carlos.
Ele explica que cuidar do
rio também significa cuidar
da ocupação da cidade, que é
desordenada (muita gente
morando em lugares sem rede de esgoto e de água), do lixo da cidade, da poluição do
ar que fica grudada nos prédios e no asfalto e que escorrem para o rio quando chove.
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