Índice


Erundina estudou para mudar

Otávio Dias de Oliveira/Folha Imagem
Erundina conversa com alunos do colégio Degrau na sala de reuniões de seu comitê


da Reportagem Local

``Oba, quanta bandeirinha, eu quero adesivo!'', gritavam algumas crianças. Outra dizia: ``Eu quero entrevistar porque, quando crescer, quero ser artista. Vou treinando''.
``Eu que inventei a pergunta do preconceito, eu quero fazer.'' A disputa era grande para saber quem faria o quê na entrevista com Luiza Erundina, 64, do PT.

Folhinha - Na sua infância, a senhora gostava da escola?
Erundina - Claro. Sou filha de uma família pobre, de camponeses, e venho de uma região pobre, o Nordeste.
Desde criança -5 ou 6 aninhos-, já percebia as coisas como se eu fosse adulta porque percebia que meus pais estavam sofrendo. E eu sofria junto. Daí eu vi no estudo um meio para -quem sabe- mudar aquela situação, não só da minha família, mas também a de meus vizinhos.
Eu percebia que algo tinha de mudar e achava que o estudo era um meio para isso.
Folhinha - O que a senhora sentiu quando se candidatou pela primeira vez no meio de tantos homens?
Erundina - Sem dúvida nenhuma nós mulheres não conquistamos ainda o espaço a que nós temos direito na sociedade, assim como na política. Para nós mulheres da política é exigido muito mais do que é exigido dos homens.
Folhinha - É por a senhora ser nordestina?
Erundina - Claro. Já imaginou ser mulher, nordestina e do PT? Sem dúvida senti preconceito porque sou mulher e de origem humilde. (VS)


Crianças precisam de liberdade

Folhinha - A senhora liderou as pesquisas por muito tempo e agora foi ultrapassada. A senhora acredita em pesquisas?
Erundina - Eu acredito em toda pesquisa, só que pesquisa é como se você tirasse uma foto. Uma foto capta um momento da realidade. A pesquisa também. Ela não é feita em dois dias? O processo eleitoral muda quase todo dia.
Folhinha - Como a senhora vai tirar as crianças da rua?
Erundina - Primeiro, é não colocar as crianças num lugar fechado, onde elas se sintam presas. Embora a rua seja a escola do crime, quando elas foram para a rua muitas vezes se sentiam oprimidas dentro de casa ou não tinham mais casa. A raiz disso é a família que não tem mais condições de ser uma família.
O desemprego é a primeira causa: o pai briga mais com a mãe, falta comida, faltam condições de paz, de entendimento... O pai chega em casa, bate nas crianças. Aí a criança que não agüenta mais aquilo vai para a rua.
Tirar os meninos da rua é difícil, mas mais difícil é evitar que mais meninos vão para a rua. Você tem de esgotar a fonte que jorra os meninos para a rua.
Tem de colocar os meninos em centros da juventude, onde eles possam ser orientados, aprender uma profissão, praticar esportes, ter comida, amor, segurança. Tirar para um ambiente que seja melhor do que aquele da rua. O ser humano é como uma ave no céu, precisa ter liberdade.

Candidata pareceu muito confiante
A Luiza Erundina respondeu muito bem às perguntas. Ela também pareceu muito confiante no que iria dizer e nos deu uma sensação de verdade. Um problema da entrevista foi o atraso da candidata. Júlia Bettencourt, 12

Ela foi alegre na entrevista
Eu achei uma falta de respeito o atraso de 50 minutos. Fiquei decepcionado porque Erundina não deu material de campanha. Achei a candidata alegre ao dar entrevista e que foi sincera com nossas perguntas. Leandro Marques, 14

Não gostei das idéias de Erundina
Eu não achei boas idéias as propostas que Erundina fez, eu só gostei do ``sim''. Não gostei do mutirão, porque, quando eles acabarem de fazer a casa deles, param de construir a casa das outras pessoas. Paula Altavista, 12

Erundina é alegre, às vezes
Para uma pessoa que começou tão por baixo, seu cargo de ex-prefeita é uma vitória. Erundina é uma pessoa séria, mas às vezes se torna uma pessoa alegre, chegando a fazer algumas brincadeiras Ana Paula Silveira, 12

Fale com a Folhinha: folha@uol.com.br