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A raposa e as uvas

ARTHUR NESTROVSKI
Especial para a Folha


Era uma vez uma raposa e essa raposa vinha caminhando pela floresta e estava com muita fome. Ela era nova no lugar e ainda não sabia muito bem onde encontrar comida.
Quando ela chegava nas partes boas, as outras raposas já tinham levado tudo.
A pobre raposa vinha se arrastando bem triste pelo caminho, sem esperança de almoço ou jantar, quando, de repente, enxergou uma vinha, num canto, no fundo, entre as árvores.
_ Oba! Hoje é meu dia de sorte! _disse ela para si mesma. Se tivesse outra raposa para ela dar um beijo, ela tinha beijado.
Olhando de longe, dava para ver um grande cacho de uvas, pendendo da videira. Graúdas, rosadas, que uvas mais lindas, essas!
A raposa correu até lá, com o resto de forças que tinha. Mas à medida que corria e ia chegando mais perto, as uvas pareciam cada vez mais altas, mais altas, mais altas ainda.
Quando ela tocou no pé da videira, ficou bem claro que as uvas estavam na ponta mais alta do último galho da vinha. Nem a raposa mais alta do mundo jamais poderia alcançar.
_ Ah, não faz mal _pensou a raposa consigo. _ As uvas estavam verdes. Dizem que mentira é uma coisa horrível: um vexame, um pecado também;
Mas certas horas _todo mundo sabe_, mentir para si mesmo faz bem.

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