SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA

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De manhã, o batalhão do Exército bate continência pra selva, treinando seus homens para proteger as fronteiras com a Colômbia e a Venezuela. Na cidade, índios tucanos, barés e banivas acordam nas suas casas cobertas de folhas de palmeira e vão ao trabalho: são peões. Alguns esqueceram até o nome de suas tribos. Outros guardam velhos hábitos. De cócoras, nas ruas de terra, as índias ainda ralam mandioca para fazer o tucupi. E a estranha língua que se ouve é o dialeto hengatu, dos abaúnas, que passeiam sempre pela cidade.

INFORMAÇÕES

• a 1.601 km de Manaus, pelo rio • como chegar avião de Manaus (cias. aéreas Tajav tel. 92-622.6699 e Rico 92-652.1244); barco pelo rio Negro • população 23.140 habitantes • temperatura média anual 26ºC • atrações floresta, índios, montanhas e pico da Neblina • informações turísticas trav. 31 de Março, s/n. Tel. (92) 471.1003.

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VER
Morro da Fortaleza Trincheiras do forte de 1763. A atração é a pedra da Anta e seus estranhos desenhos em alto relevo: um pernil, víceras de animais e uma pegada humana. As lendas esclarecem: são restos petrificados de uma anta que regalou uma tribo faminta que vagava pela região.
Morro da Boa Esperança Na subida do morro, painéis de azulejos na rocha relatam a via-crúcis. No alto, as capelas de N. S. Auxiliadora e do Cristo Crucificado. Ao lado, duas pedras gigantecas se equilibram em outras menores.
Serra da Bela Adormecida As montanhas desenham o perfil da bela do conto de fadas, seus seios fartos e cabelos escorridos, que adormece a 30 km da cidade esperando o beijo do príncipe. É bonito apreciá-la da fortaleza.
IR
Praia Grande No rio Negro, esta e outras pequenas praias são temporárias, aparecem entre setembro e janeiro, na época da seca do rio. Esta tem faixa de 500 m de areia branca e águas geladas por causa dos riachos que descem do pico da Neblina. Tem palhoça com aperitivos e cervejinhas. Não se iluda com o jeito manso do rio: a correnteza é forte e traiçoeira.
Linha do Equador BR-307, km 25. Na estrada, uma placa e um bloco de concreto revelam onde passa a linha imaginária que divide a Terra em duas.
PASSEAR
Aldeias indígenas Tucanos, ianomâmis e banivas vivem no Alto rio Negro. As aldeias mantêm os costumes primitivos. O acesso se faz por voadeiras -barcos com motor de popa. Viagem de 6 a 12 horas. Visitas com autorização da Funai. Tel. (92) 471.1187.
ATIVIDADES
Escalada do Pico da Neblina Do alto, não se vê nada. É como se tudo estivesse nas nuvens e que, lá embaixo, só houvesse um abismo, indefinível, atroz. O topo do Brasil é prá lá de embaçado, um pico que justifica o nome: da Neblina. Está a 3.014 metros de altitude. Vencê-lo exige espírito de aventura, paciência e obstinação. Primeiro, sacolejando pelos 85 km de estrada de terra que sai de S. Gabriel, margeando o igarapé Lá-Mirim. Em seguida, enfrentando dez horas de canoa pelos rios e igarapés Lá Grande, Cauaburi e Tucano. Depois, escalando a trilha que dá no pico e dormindo quatro noites na floresta.
O início da caminhada requer muita ginga. É preciso ir driblando o emaranhado de cipós e árvores da mata inundada até ela ceder lugar à floresta densa, enfeitada de bromélias e orquídeas. Não se assuste com a algazarra de macacos e araras. Podem ser índios ianomâmis caçando por perto. A reserva deles fica por aqui, mas não pode ser visitada. No chão irregular, galhos, pedras, raízes, lama negra e grudenta. O "trekking" continua. Peça para o mateiro mostrar-lhe o cipó d´água, que enche copos e mais copos quando cortado. Conheça o breueiro e o pau-de-gasolina, duas árvores que têm seiva inflamável e acendem qualquer fogueira, mesmo debaixo de chuva.
Enfim, a escalada. No topo, o Brasil estará a seus pés. Começa a subida. Frio e umidade pelo caminho. Musgo e vegetação rala tomam o lugar da mata. O topo íngreme da montanha se esconde na névoa gelada. De um lado, o exuberante verde da selva a perder de vista. Do outro, já na Venezuela, os misteriosos tepuis, como os índios chamam as serras com rochas de formas estranhas que dominam a região de fronteira. A civilização está bem longe, a uma semana. Infs. sobre o acesso com agências de Manaus que fazem pacotes para São Gabriel: Viverde Turismo (tel. 92-622.4289) e Cia. de Aventuras (tel. 92-622.1132).
OUVIR
Monstros e paixões As lendas de S. Gabriel estão no meio da rua e do rio. A cobra gigante -petrificada na av. D. Pedro Massa, cumprindo papel de lombada- não deixava ninguém cruzar o rio Negro e engolia os valentões da tribo. Aí, os índios armaram um matapi (arapuca de tala de palmeira), caçaram o monstro e ele virou pedra. Já a ilha Adana, no meio do rio Negro, é a mais bela índia baré abraçada por duas corredeiras -os índios Buburi e Curucui. Disputada pelos dois apaixonados, Adana caiu na água, afogou-se e virou ilha.
COMPRAR Cestos de palha, redes, utensílios das mais de 14 etnias de S. Gabriel na Fundação dos Índios do Rio Negro, av. Álvaro Maia, s/n. Tel. (92) 471.1349.

DEPOIMENTO

"As nuvens de São Gabriel são grandes e densas como a mata. São as formas do meu céu. A viagem de barco à cidade é pelo rio Negro, o mais bonito da Amazônia -pela cor, vastidão e serenidade impressionantes. A paisagem de montanhas forma um rico desenho que contrasta com a pobreza da cidade, habitada basicamente por índios."
Milton Hatoum, escritor

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