GOIÁS VELHO

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CARTÃO VERMELHO
SÓ TEM LÁ
PONTO DE VISTA
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O calçamento das ruas, desigual em tamanho e nivelamento, denuncia que o passo lento de muitas patas de boi andejo, se não deixaram pegadas visíveis no chão, perpetuaram sua passagem com o próprio peso, como ainda fazem hoje os cavalos que estalam suas ferraduras nas pedras. Os janelões dos palácios e casarões revelam os anos dourados de antiga capital, assim como dourada é a serra que a envolve -como que eternizando o passado ainda mais remoto, quando as índias goiás se enfeitavam de ouro às margens do rio Vermelho. Em 1727, o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva descobriu esta mina e fundou o arraial Santana. Alguns anos e muitas pepitas depois, a já Vila Boa de Goiás passou a ser simplesmente cidade de Goiás, marcada também por suas capelas e igrejas coloniais. Com este passado, muitos a chamam agora de Goiás Velho. Não faz mal. A velhice é o marco de sua juventude.

INFORMAÇÕES

• a 144 km de Goiânia • como chegar GO-164 • população 27.858 habitantes • temperatura média anual 25°C • atrações casarões, igrejas coloniais, serra Dourada, Semana Santa • informações turísticas Casa Cora Coralina, tel. (62) 371.1990.

CARTÃO VERMELHO

• Apesar de a cidade também ser conhecida como Goiás Velho, o nome não agrada a todos seus moradores. Ao andar pelas ruas, tome cuidado com os desníveis do velho calçamento de pedra.

SÓ TEM LÁ

Box do Seu Jair
Num cantinho do Mercado Municipal, Jair Pinto de Figueiredo transformou seu box num museu mambembe. São potes, quadros, chinelos, cabaças, estátuas, armas, chapéus, louças, caixas, tudo que tenha cara de velho ou de raro, em liquidação -segundo uma placa- desde 1971. O acervo vem de 1939. Uma genuína "salinha das curiosidades", cuja bagunça só permite acesso a uma pessoa por vez. Com paciência -e boa vontade- é possível descolar objetos interessantes. Ou apenas escrever no livro de registros seu nome, endereço e o valor de sua doação ao museu. Vale pelo dedo de prosa. O box fica no Mercado Municipal, seg-sáb 6h-18h, dom 6h-12h.

PONTO DE VISTA

"Goiás é o Brasil Colônia nos casarões, nas ruas de pedra, no jeitão de Cora Coralina. Um jeito de Brasil furioso, doido pra crescer, querendo se libertar."
Lima Duarte, ator

VALE A PENA

VER
Casa de Cora Coralina av. Dom Prudêncio, s/n. Tel. (62) 371.1990. Casarão na beira da ponte onde viveu a poetisa ingênua e a doceira de mão cheia Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, a Cora Coralina (1889-1985). Na construção colonial de 1782 -uma das primeiras casas da cidade- está tudo como ela deixou: móveis, livros, rascunhos literários, documentos e cartas de remetentes ilustres como Carlos Drummond de Andrade e Jorge Amado. Até suas roupas floridas continuam no cabide do quarto. Na cozinha, os tachos de cobre onde Cora fazia doces cristalizados -seu ganha-pão durante muito tempo. Escritora desde os 14 anos, estudou até o terceiro ano primário, aprendeu a fazer contas aos 70 anos e publicou seu primeiro livro aos 75. No quintal da casa está a bica de água mineral, fonte que a inspirou assim: "Biquinha, és banho e refrigério, copo de água cristalina e azul para a sede de quem fez longa caminhada às vertentes do passado e volta vazia às origens da sua própria vida".
Igreja N. S. d'Abadia r. da Abadia, s/n. Construída pelos escravos e para os escravos em 1790. Altar talhado em madeira, pintado de azul e ouro, de autoria desconhecida como a pintura no teto, que representa Nossa Senhora no céu com os anjos. A imagem da padroeira de Veiga Valle decora o altar.
Catedral de Sant'Ana pça. Castelo Branco, s/n. Quarta igreja construída no mesmo lugar. Era capela em 1727; ruiu. Igreja barroca em 1743; ruiu. Novamente barroca em 1749; também ruiu. Catedral desde 1958, continua firme como tribuna pastoral de dom Tomás Balduíno desde 1967.
Igreja de S. Francisco de Paula pça. Zaqueu Alves de Castro, s/n. É de 1761. Fachada branquinha emoldurada por portas e janelas azuis. Passagens da vida de S. Francisco foram pintadas no teto pelo artista André da Conceição. No centro do altar está a imagem de Bom Jesus dos Passos trazida de Salvador em 1745 e usada na procissão da semana santa. Do pátio da igreja a vista da cidade é lindíssima.
Igreja do Rosário pça. Joaquim Alves de Castro, s/n. Concluída pelos dominicanos em 1959. Templo de pedra, apresenta torre solitária e arcos góticos. Nas paredes internas laterais a Via Crucis, pintada por frei Nazareno Confalone. Ocupa o espaço da antiga igreja N. S. do Rosário dos Pretos, demolida em 1920.
Igreja S. Bárbara r. Sta. Bárbara, s/n. A igreja só se vê por fora -vive fechada. Se puder, suba os 87 degraus e contemple a cidade do alto.
Museu das Bandeiras pça. Brasil Ramos Caiado, s/n. Tel. (62) 371.1087. Ter-sáb 12h-17h, dom 8h-12h. Enorme casarão de pé direito duplo sustentado por seculares vigas de madeira, construído em 1761. O andar térreo era cadeia; o de cima, Câmara Municipal. A prisão úmida lembra uma enxovia e funcionou até 1950. As duas celas coletivas têm paredes de um metro de espessura e grades grossas. No piso superior, documentos, fotos, louças e objetos domésticos da época do império. Tudo explicadinho em painéis históricos. A fonte da praça é o chafariz de Cauda, de 1778. Servia a população de água potável da mina Chapéu de Padre.
Palácio Conde dos Arcos pça. Castelo Branco, s/n.. Tel. (62) 371.1200. Ter-sáb 8h-17h, dom 8h-12h, seg só em feriados. Casarão de 36 cômodos, sede do governo de 1748 a 1935. Móveis, louças e objetos dos 98 governadores que passaram por aqui, entre os quais Felicíssimo Espírito Santo, bisavô do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Quartel pça. Brasil Ramos Caiado, s/n. Visitas só internas. Durante a guerra do Paraguai serviu de hospital militar. Hoje o pátio interno serve de palco para festas populares.
IR
Serra Dourada A serra que contorna a cidade esconde rios, cachoeiras e ribeirões que deságuam no rio Vermelho. A vegetação de cerrado convida a caminhadas entre flores silvestres, ipês-amarelos e esculturas naturais nas rochas. O pôr-do-sol dá nome à serra. Passeios organizados pela Pé no Chão Excurcionismo, tel. (62) 372.1782.
Furna Túnel de dois metros de altura, cavado pelos escravos no morro da Bandeirinha. Dá acesso a vários salões e, acredita-se, sai do outro lado do morro, onde se encontrou uma entrada. Documentos de 1839 contam que dois alemães entraram no túnel e nunca mais voltaram. Um padre, indignado com o descaso do governo, resolveu ir atrás deles e também sumiu.
PASSEAR
De charrete ou a cavalo pela cidade e arredores. Procure o Hotel Portal do Sena, tel. (62) 371.2505 (a cavlo) e a Casa de Cora Coralina (charrete).
De "bóia gigante", feita de pneu de caminhão, descendo o rio Bagagem. Somente de janeiro a maio, quando o nível do rio permite a aventura. Também organizado pela Pé no Chão.
ASSISTIR
Semana Santa Na quarta-feira, procissão do fogaréu, simbolizando a busca e a prisão de Jesus. Os fiéis saem com tochas na mão ao som de tambores e de músicas barrocas chamadas "motetes dos passos" compostas em 1855. Na igreja do Rosário ocorre a ceia do Senhor. Depois, na igreja de S. Francisco, encena-se a crucificação.
COMPRAR
Telas produzidas por Goiandira Ayres do Couto, a partir de 551 tons diferentes de grãos de areia coloridos da Serra Dourada. Pinta principalmente casarões e paisagens. O endereço é r. Joaquim Bonifácio, 19. Tel. (62) 371.1303 .

LEITURA

Goiás, minha cidade...
Eu sou aquela amorosa
de tuas ruas estreitas,
curtas,
indecisas,
entrando,
saindo
uma das outras.
Eu sou aquela menina feia
da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.

Eu sou aquela mulher
que ficou velha,
esquecida,
nos teus larguinhos e nos
teus becos tristes,
contando estórias,
fazendo adivinhação.
Cantando teu passado.
Cantando teu futuro.

Cora Coralina
Trecho do poema
"Minha Cidade"

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