UOL - FASANO - apresenta





O Restaurante
Fasano e a Cozinha Italiana de
Luciano Boseggia



Rogério Marco Fasano


As fotos deste livro mostram um pouco do talento culinário de Luciano Boseggia. Nascido em Brescia aos 26 de janeiro de 1948, começou na cozinha muito cedo. Aos treze anos já ajudava em cozinhas profissionais de sua região, a Lombardia. Em 1970, já como cozinheiro, segue para a Inglaterra onde trabalhou durante seis anos, espalhando costeletas à milanesa, ossobucos meneghinos, mas, acima de tudo, seu aguçado e inteligente senso de humor, digno de deixar até os ingleses, possuidores do melhor humor do mundo, principalmente quando se referem aos outros, perplexos.Luciano é destas pessoas que por onde passa deixa amigos. Jeitão malandro e sorriso humilde, este italiano, que nunca tem muita pressa, está sempre de bem com a vida. O sucesso lhe cai então naturalmente, sem a obsessão que costuma levar tantas pessoas ao topo mas que também deixa um elevado teor de amargor. O que, convenhamos, para um chefe de cozinha não é nada aconselhável. Foi assim que, em 1978, logo depois de retornar à Itália, Luciano torna-se chefe de um dos principais restaurantes italianos, o La Vecchia Lugana, de Sirmione, Lago di Garda, onde passou a viver. Em 1984, a construção do que hoje chamamos de Fasaninho, na rua Amaury, coincide com a vontade de se movimentar de Luciano e, através de um amigo em comum, às vésperas de uma viagem à Itália para contatos com chefes de cozinha, tudo foi decidido por telefone.

Logo percebi que, no mínimo, havia feito um amigo.Homem de palavra, Luciano chega ao Brasil em janeiro de 1985, no dia da inauguração do Aeroporto Internacional de Cumbica. Era tanta confusão que foi impossível reconhecê-lo. Até porque a fotografia que tínhamos mostrava um homem sem barba e que segurava um alto prêmio da gastronomia italiana, o Il Fagiolo d¹Oro. Quando restavam poucas pessoas no saguão do aeroporto, é lógico, o único de barba se aproxima e diz: Lo chef sono io. E assim tem sido até hoje.Luciano na cozinha é como um arquiteto em sua prancheta. Há sempre por trás de tudo um porquê maior, uma religião, e isto faz de um excelente cozinheiro um grande chefe. Cozinha tem que ter personalidade muito própria. Isto não quer dizer uma frenética busca pelo inusitado, mas, quase sempre, memória. E Luciano tem memória, apesar de adorar o país que escolheu, tendo inclusive se casado com uma brasileira, Fernanda, ambos pais de uma linda criança, Maria Lídia. Memórias de terras que escondem trufas, terras onde crescem funghi, os porcini e spugnoli, memória de um mar que exala um único perfume ao mundo e de gente que se alimenta, acima de tudo, pelo prazer, o prazer da comida, o prazer de um bom vinho, o prazer de um bom papo, ou, ainda melhor, de uma boa risada.É exatamente por esta razão que o restaurante Fasano não mede esforços para ir buscar, em seus lugares de origem, as mais diversas matérias-primas para que, na cozinha, Luciano consiga ser aquilo que realmente ele é. Um homem simples, mas com rara sofisticação.


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