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EMMANUEL BASSOLEIL
Uma Cozinha sem Chef



EMMANUEL BASSOLEIL

por JOSIMAR MELO

por MAURO MARCELO ALVES

por NIRLANDO BEIRÃO

CRÉDITOS

PATROCÍNIO

Emmanuel Bassoleil

por J. A. Dias Lopes

Quem ainda não teve o privilégio de saborear a comida preparada por Emmanuel Bassoleil, será apresentado nesse livro a um dos mais talentosos chefs de cuisine que já atuaram no Brasil. Nascido na cidade de Dijon, na Bourgogne ­ uma região da França onde a culinária se caracteriza pelo uso nobre do vinho, do creme, da gordura de porco e da pastelaria ­ ele desembarcou no Brasil em 1987. Seis anos depois, havia promovido seu restaurante, o Roanne, de São Paulo, ao restrito clube dos melhores do país. Quem já esteve pelo menos uma vez na casa de Emmanuel terá deliciosas recordações ao folhear esse livro. Hoje, a expressão "ir ao Roanne" traduz-se literalmente por "entregar-se aos prazeres da mesa".

A casa pratica uma cozinha francesa aberta às novas experiências. Mas não cai na tentação dos excessos criativos. Além de aromáticos e deliciosos, seus pratos são leves, fazem combinações coerentes, têm ótima finalização e bela apresentação. Esse livro, porém, não é um cardápio do Roanne. Boa parte das receitas do restaurante paulistano aparece aqui. Mas, na verdade, essa obra deveria chamar-se O Livro de Emmanuel. Aqui, o grande chef francês demonstra o que aprendeu em pouco mais de 17 anos de ofício. Nesse livro, Emmanuel revela sua concepção particular de cozinha. Mostra-se um chef fiel à melhor tradição francesa. Toma ao pé da letra as lições de Auguste Escoffier ­ o festejado cozinheiro francês do final do século passado e início deste, cuja obra venera. Mas não copia ninguém. Quando começou no Roanne, em 1987, Emmanuel atuava em parceria com Claude Troisgros. Em dois anos já voava sozinho ­ e alto ­ em céu de brigadeiro. Inimitável, ele costuma utilizar produtos tropicais, sobretudo nas sobremesas que elabora com graça e requinte plástico. Tem predileção por frutas como a goiaba, a manga e o maracujá. Mas, ao preparar pratos de sal, fecha a tampa da panela diante de ingredientes que o obrigariam a um suposto desvio de rota. Na primeira parte deste livro, Emmanuel nos faz salivar com um desfile de 40 pratos tentadores. Examinando o elenco, vale imaginar um pedido de refeição: cassolette de escargots aromatizado com anis; salmão fresco no vapor ao vinagrete de mel; peito de pato ao molho "portadeira" com risoto de foie gras; musse de framboesa com renda de amêndoas. São dez entradas, dez peixes e crustáceos, dez carnes e aves, e dez sobremesas que dispensam descrições. Depois de saboreá-las, é impossível explicá-las exatamente. Pois Emmanuel faz uma cozinha indescritível. Ao preparar em casa as receitas desse livro, o leitor também descobrirá que elas têm elaboração relativamente simples. Foi essa, aliás, a intenção do autor. Quando intitulo seu livro de Emmanuel Bassoleil ­ Uma Cozinha sem Chef, não o acometeu nenhum acesso de falsa modéstia. O autor quis dizer que esse livro contém receitas que o leitor prepara sem dificuldades. Não é necessária a ajuda de um chef para se repetir seus pratos. Quanto ao autor, esclareça-se que a fama não lhe subiu à cabeça. Alegre e informal, Emmanuel conserva o jeitão simples do garoto do interior, que passou a infância na cidadezinha de Auxonne, perto de Dijon. Ali, quando atraído pelo perfume que emanava da cozinha de sua mãe, dona Chantal, interrompia as brincadeiras com os amigos. E se oferecia para descascar as maçãs da torta que ela oferecia na próxima refeição. Hoje, coberto de estrelas, Emmanuel continua a dar duro na cozinha, dedicado ao aperfeiçoamento de sua arte. Não aparece no salão do restaurante para receber a luz dos holofotes. Vai ouvir a opinião da clientela sobre a comida que serviu e cumprimentar a legião de admiradores, cada vez mais numerosa.

J.A. Dias Lopes é diretor de redação da revista Gula

APRESENTAÇÃO

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