

Com motor VW de 1,8 litro, o
XR3 crescia em desempenho; molduras nos para-lamas, saias laterais e
novas rodas identificavam a novidade


Faixas e rodas usinadas
destacavam a série especial Formula, dotada de amortecedores com
controle eletrônico e bancos especiais Recaro |
Na
linha 1988 o Escort recebia tanque de combustível de plástico
(polietileno), também inédito em um carro nacional. A capacidade crescia
de 48 para 65 litros, bem mais adequada ao período em que as versões a
álcool, de menor autonomia, reinavam no mercado.
Os filhos da Autolatina
A associação
Ford-Volkswagen na Autolatina, iniciada em 1987, trouxe seu primeiro
fruto em maio de 1989: o Escort recebia, nas versões Ghia e XR3 (tanto
hatch quanto conversível), os mais modernos e eficientes motores VW AP
de 1,8 litro. Além da maior cilindrada, tinham comando no cabeçote e
maiores potência e torque, entre 87 cv/15,2 m.kgf (Ghia a gasolina) e 99 cv/16 m.kgf (XR3
a álcool,
que usava a versão "S" do Gol GTS).
Seu torque era maior que no Gol (14,9 m.kgf), beneficiado
pela colocação transversal, e o câmbio passava a ser o mesmo do Golf alemão.
A mudança de motor consistia em boa
resposta à chegada de um moderno concorrente, o Kadett. No Ghia, o uso
de marchas longas e de relações espaçadas (4+E),
combinado à versão mais "mansa" do motor 1,8, resultava em ótimos
índices de consumo e baixo nível de ruído em estrada.
Nos dois, a recalibração da suspensão — molas e amortecedores mais
firmes, estabilizador mais espesso — buscava melhor estabilidade, em
especial no Ghia. Além do logotipo
1.8 na traseira de ambas as versões, havia poucas diferenças visuais: novo desenho das rodas,
luzes de direção dianteiras incolores em vez do tom âmbar e, no XR3,
saias laterais e molduras nos arcos de para-lamas. Na linha 1990,
para-choques e saias viriam
na cor da carroceria e o aerofólio seria redesenhado.
O desempenho do esportivo enfim estava à altura de sua aparência, mesmo
que continuasse inferior ao dos novos adversários, Gol GTi e Kadett GS,
que tinham motores de 2,0 litros. Na primeira avaliação, a revista
Quatro Rodas o considerava "um novo carro", justificando-se: "A
diferença de potência surge imediatamente, pois o motor responde com
rapidez, sem relutância ou engasgadas. É uma força que faltava ao Escort
desde que ele foi lançado. Andando forte, a boa impressão aumenta. O
crescimento da velocidade é mais constante e mais rápido". A
melhora no conforto de marcha também foi apontada.
Em novembro do mesmo ano a família crescia com o sedã três-volumes
Verona. Embora a Ford cogitasse há anos produzir aqui o Orion europeu,
de estilo discreto e quatro portas, a opção foi por um desenho nacional
e mais imponente, com a traseira alta e lanternas horizontais —
mas apenas duas portas, preferência da maioria à época. Outra perda era
o encosto traseiro rebatível, presente no Orion. Com essa adição à linha
a marca pretendia enfrentar o Monza, líder entre os médios,
embora o Verona fosse na verdade um médio-pequeno.
A versão LX tinha o tradicional motor CHT 1,6 (rebatizado AE-1600
e já em uso também no Gol), e a GLX, o VW AP 1,8. Mais luxuosa, esta
vinha com faróis de neblina, que o Escort não mais usava, e rodas de
alumínio. No banco do motorista o ajuste de apoio lombar era novidade,
assim como eram o código no rádio/toca-fitas para inibir o furto e o
controle elétrico dos retrovisores. O GLX podia vir ainda com
ar-condicionado e teto solar.
Também no fim do ano o XR3 conversível adotava acionamento eletroidráulico da capota,
comandado por botão no console — e possível apenas com o motor desligado, para evitar
risco de danos ou acidentes. A interação na Autolatina ampliava-se em
junho de 1990 com o primeiro clone brasileiro: o VW Apollo, um Verona
com diferenças de acabamento (leia
boxe).
Continua
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