Alfa Romeo Disco Volante: "discos
voadores" idealizados para as pistas
No
começo da década de 1950, enquanto o
êxito do sedã
1900 trazia sua recuperação
financeira, a Alfa Romeo imaginava como
chamar atenção em termos de estilo e
esportividade, que no passado haviam
sido tão relacionados a seu logotipo.
A solução encontrada foi uma série de
carros-conceito de linhas muito
avançadas.
Princípios de aerodinâmica resultaram em
um roadster (modelo aberto de dois
lugares) de formas fluidas,
arredondadas, com transição suave dos
para-lamas à seção central, carroceria
mais larga à meia altura e traseira em
forma de cauda. Foi feito um cupê com as
mesmas linhas, só que o discreto
defletor à frente da cabine precisou dar
lugar a um para-brisa integral que, por
sua posição mais vertical, prejudicou um
pouco a harmonia do conjunto. Tanto um
quanto outro mostram ter servido de
inspiração para o
Jaguar E-type de 1961. O interior
essencial tinha poucos instrumentos e
volante com aro de madeira.
Embora o código de projeto fosse C52, os
próprios engenheiros da Alfa o
apelidaram de Disco Volante, disco
voador em italiano — e o nome acabou
oficial.
Foram construídos seis carros
com um inédito
motor de seis cilindros em linha e 2.955
cm³, obtido a partir da unidade do 1900
com maior curso de pistões e dois
cilindros a mais. Provavelmente eram
dois roadsters e quatro cupês, embora
não haja certeza a respeito. Outros três
carros (só um cupê) receberam um
quatro-cilindros de 1.997 cm³ e 158 cv,
também derivado daquele do sedã, que
permitia chegar a 220 km/h com a
eficiente aerodinâmica.
As carrocerias, construídas pela
especialista Touring em alumínio e aço
sobre chassi de aço, mediam 3,92 metros
de comprimento, 1,78 m de largura e 2,22
m entre eixos. Muito leve, o carro
pesava 735 kg com o quatro-cilindros. O
câmbio era manual de quatro marchas.
Apesar da intenção da Alfa de colocar
ambas as versões na 24 Horas de Le Mans
(França) de 1952, a estreia do Disco
Volante nas pistas veio apenas um ano
depois na prova italiana Mille Miglia,
com um carro de quatro cilindros e três
com o seis-cilindros ampliado para 3,5
litros. O único a concluir a corrida, um
cupê com ninguém menos que
Juan
Manuel Fangio ao volante, foi
segundo colocado. No mesmo ano Fangio
vencia a prova
Supercortemaggiore com
um modelo aberto de 3,0 litros. Em Le
Mans e Spa os "voadores" não chegaram ao
fim.
Os Discos Volantes foram vendidos pela
fábrica, salvo o primeiro protótipo e o
modelo aberto que Fangio pilotara, hoje
exposto em um museu em Turim. Dos
adquiridos por particulares, um recebeu
nova carroceria de
Zagato e outro da empresa Boano,
este vendido ao ditador argentino Juan
Peron. Houve também uma versão aberta
sem a saliência lateral à meia altura e
com rodas mais expostas, que hoje está
no museu da coleção Schlumpf, na França. Texto: Fabrício Samahá -
Fotos: divulgação
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